segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Opinião


Estamos misturando tudo!

“Se não prestarmos atenção, daqui a 15 anos não teremos mais uma dança pura brasileira”

Por Alex Lima*

A dança tem que evoluir, mas a partir do momento que ela perde suas riquezas originais (autenticidade) é perigoso. E isso está acontecendo hoje com a dança aí no Brasil. Quando você está do lado de fora (fora do Brasil), você vê com mais clareza.


Estou falando isso porque estou vendo essa “mundialização” da dança que está interferindo na nossa cultura. Falo mais particularmente das danças de casal, não das danças regionais ou folclóricas, estas ainda estão com suas originalidades / raízes.


Estamos misturando tudo. Daqui a 15 anos, se não prestarmos atenção, não teremos mais uma dança pura brasileira. Hoje, se dançamos forró, parece salsa; se dançamos samba-rock, está parecendo salsa, etc.


Um bom dançarino é aquele que sabe dançar várias disciplinas mas também, por ser bom, tem que respeitar as diferenças nas danças.


O caso do zouk é o pior para mim - e tive o privilégio de ver e de dançar com os melhores dançarinos de zouk...


A dança popular não é sofisticada, é um movimento cultural, um encontro da sociedade. Mas para muitos ela é um fenômeno de exibição. Hoje vejo na televisão aí no Brasil como a dança está completamente distorcida. Se numa apresentação não tem “portés” (pegadas, acrobacias) não é uma boa apresentação!


Quando eu morava no Brasil, não tinha essa visão da nossa cultura. Hoje enxergo diferente. Acho que temos que fazer prevalecer nossas identidades acima de tudo. Passos novos, figuras complexas, fazem parte de uma dança, mas temos que cuidar da identidade da dança em que estamos atuando.

*Alex Lima é professor de danças brasileiras e de salsa em Paris, França, e um dos professores escalados para o congresso de salsa de São Paulo, em novembro deste ano (site: www.alexlima. net).

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