Alex Lima
Professor de danças brasileiras e de salsa em Paris, França, e um dos professores escalados para o congresso de salsa de São Paulo, em novembro deste ano, Alex Lima concedeu ao Falando de Dança a seguinte entrevista.
naturalidade, idade, escolaridade
Brasileiro, 38 anos, nível superior
formação profissional
Educação física
Como entrou para a Dança de Salão?
Começei a dançar desde pequeno, minha inspiração foram meus pais, que eram de super dançarinos! Minha família toda dança! São de Escola de Samba!
Meu 1° contato com a dança, que me deu um « click », foi quando tinha 12 anos e comecei a trabalhar como boy na rua 24 de Maio (SP). Lá tinha um grupo de jovens que se encontrava sempre para dançar « break dance » Foi onde se iniciou o movimento hip hop em São Paulo, e também criado o grupo funk « Cia do Nelson », o criador do movimento. Posso dizer que eu e mais ou menos 50 rapazes criamos o movimento de hip hop !!!
Depois fui para outras ondas, passando pelo Samba Rock do Club da Cidade, espaço Radial, por algumas festas no bairro da Vila Maria, até chegar no Zouk e no Pagode… Sou do tempo do Rala Coxa, da Mel, do Reggae Night, do Lambar, passando pelo « Bar Avenida » para dançar pagode com Cesinha, o rei do pagode (para mim !!!) e lá (no Bar Avenida) conheci a salsa com o grupo musical precursor da salsa no Brasil, o « Heart Breakers », e comecei a fazer alguns espetáculos de Salsa e Samba com o grupo de dança precursor dessa dança no Brasil, « a Tribo », fazendo alguns espetáculos no Blem Blem, Moinho Santo Antonio (na Mooca) e outras casas noturnas em SP e Grande São Paulo.
E ganhei a 1°Maratona de Zouk de SP !!! Foi no Lambar !!
Professores contribuíram para sua formação / especialização
Quando comecei a sair para dançar, a gente trocava informações de dança nas festas, ou seja, a maioria dos professores que eu conheço agora não eram (ou só começaram a ser depois) conhecidos como professores. Tinha só 3 que já estavam bem falados: Jaime Arôxa, Carlinhos de Jesus e Ricardo Liendo. É muito estranho dizer isso, mas, na época, eu não gostava muito do perfil das pessoas que faziam aulas de salão (sempre teve essa diferença da galera que dança bem e vinham da rua, e da galera que era das academias). Na época, as academias não eram tão solicitadas como hoje, porque aprendáamos muitas coisas nas festas, ou seja, na rua: a famosa « dança popular de rua » ! Que os próprios professores vinham também aprender/compartilhar com a gente !!!
Trabalhos profissionais a destacar no Brasil e/ou exterior
Como disse antes, na Lambar dei algumas aulas: no Bar Avenida, espetáculos; Moinho Santo Antonio, espetáculos; Reggae Night, espetáculos. Ganhei a primeira maratona de Zouk do Lambar. No exterior, minhas atividades são intensas, por favor veja no meu site, www.alexlima.net.
Como foi para na França?
Porque sou casado com uma francesa, não tive escolha: ou eu ficava no Brasil, e não mais casado, ou tentava uma nova vida fora do Brasil (já tinha tido oportunidades de sair do Brasil antes mas nunca quis!).
Pode descrever seu trabalho no exterior?
Quando cheguei aqui na França criei um estilo diferente, um resumo de que aprendi aí, todas essas danças brasileiras, do frevo até a chula, do hip hop até o samba da ciranda, até o makulelê, da salsa até o candomblé!!!! Tudo isso me deu uma bagagem muito grande. Chamo o meu estilo, o meu projeto artístico, de Salsamba / Brazil Style. Dou aulas nas melhores escolas de Paris. Fui o primeiro brasileiro a ensinar danças de casal brasileiras aqui na França e um dos mais importante e completo. Ensino quase todas as danças brasileiras! Isso também faz a minha diferença na Europa. Dou aulas para todas as pessoas que estiverem interessadas em nossa cultura, sejam estrangeiros ou brasileiros! Tenho uma empresa de produção e organizo eventos latinos, brasileiros e outros, não só de dança, mas culturais: música, pintura, enfim, promoção de artistas em geral.
Tem partner para apresentações ou faz trabalho solo?
Sou conhecido como "one man show", mas trabalho também com parceira, tenho várias parceiras, para todos os tipos de espetáculos (salsa ou danças brasileiras). O problema é que uma só pessoa não consegue dançar salsa, samba, gafieira, zouk! Este ano, estou querendo divulgar mais os shows de casal!
Tem academia própria ou trabalha para terceiros?
Como disse antes, trabalho nas melhores escolas de Paris e estou com um projeto de criar a minha escola (Centro de danças e de culturas) aqui em Paris. Você não imagina como é caro um espaço aqui, e conseguir esse espaço para gente é muito dificil… Mas estamos batalhando…
Por enquanto, trabalho no Centre de Marais (primeiro centro de dança para o público em Paris, ele é o mais divulgado/famoso), Centro Internacional de Jazz, Centre Momboye... Sou o primeiro professor a dar aulas de dança em uma universidade « Paris Dauphine » : a melhor faculdade de Finança e Management da Franca (tipo a FVG em SP) !!! Também animo aulas em empresas, eventos privados e academias de fitness…
Faz shows folclóricos para turistas, como a Selminha?
Não. Faço shows em eventos de dança ou teatros. Em salsa e danças brasileiras…
Pode falar sobre seu trabalho em outros países?
O trabalho é o mesmo que faço aqui em Paris: a divulgação da cultura brasileira. No começo foi muito difícil mostrar a cultura brasileira, então tive a idéia de « passar » pela salsa e aí as portas se abriram para mim. Hoje, na maioria dos paises que me chamam, estou propondo não só salsa mas também danças brasileiras.
Que ritmos brasileiros você ensina, qual a receptividade..
Conheço algumas danças brasileiras como :
Solo: Bahia: Afro,Axe,Samba-reggae // Sul:Chula // Norte: Ciranda, Coco, Frevo, Maracatu, Baião, Caboclinhos, Xaxado, Candomblé (makulele). Casal: lambazouk, samba-rock, Pagode, samba de gafieira, forró (tradicional e universitário). Na área latina: salsa cubana, rumba, roda de casino, s on, bolero, bachata, cha-cha-cha, salsa Los Angeles Style, salsa New York Style, Boogaloo, salsa colombiana.
O que o estrangeiro prefere mais, samba ou lambada?
Só posso falar dos franceses: a Lambada teve uma repercussão muito grande aqui e no mundo todo, mas foi uma coisa de moda como a macarena. Os franceses estão cada vez mais apaixonados pelo Brasil, isso faz com que a cultura francesa fique cada vez mais perto da nossa própria cultura e modas. Quando passa matéria de dança aqui na França, nunca passa lambada e sim samba, chorinho … Então, a escolha pelo samba é mais natural. E hoje no Brasil não se dança mais a lambada como nos anos 90. Agora o « lambazouk » é a dança do momento, e que os franceses nem conhecem e nem dançam, apesar da música ser francesa!
Está havendo interesse crescente?
Está havendo interesse crescente pelo Brasil em geral… Referente à dança, os próprios brasileiros têm tendência aqui em mostrar só uma pequena parte da riqueza brasileira, porque era o que os franceses queriam ver… Acho que hoje os franceses estão cansados de ver sempre a mesma coisa: mulata, percussão e capoeira; mulata, percussão e capoeira; mulata, percussão e capoeira!!! Tem tantas outras coisas para mostrar, e é isso que a gente desenvolve aqui com o nosso ensinamento e nossos eventos…
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Entrevista
Postado por LEONOR COSTA Editora JFD às 22:04
Marcadores: Alex Lima, Entrevistas
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