Gustavo Martins dá aulas de danças de salão na Academia Lídio Freitas (Jaime Arôxa Tijuca) e esteve a bordo do navio Costa Mágica em fevereiro de 2008 para mais uma edição do cruzeiro temático Dançando a Bordo. Ele nos enviou um relato de sua experiência a bordo, que transcrevemos a seguir. Nas fotos, de seu acervo pessoal, Gustavo em vários ângulos e com o professor Lídio Freitas.
No ínicio a idéia de ficar 7 dias num navio assusta. Você se pega pensando nas mais diversas dificuldades. Imagina o balanço do navio que vai incomodar e vai dar enjôo. Imagina que em dada hora o tédio poderá envolvê-lo, a saudade da terra firme, mas depois de pensar por certo tempo resolve ligar e contratar o cruzeiro e ainda, guiado pela paixão, um cruzeiro dançante.
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Passamos então a segunda etapa: “A espera” . O tempo parece congelar e tudo o que se vê relacionado a navio, mar , cruzeiro, como numa eterna busca no Google, parece puxar o seu olhar e, de forma quase magnética, prender sua atenção. Os meses vão passando , o tempo parece se arrastar, a expectativa vai aumentando e quando em aulas tocam músicas como “Tudo o que nos resta é navegar, enquanto houver o mar....”(Náufragos do Amor – Cheque Especial), ou “Garota eu vou pra Califórnia, viver a vida sobre as ondas...” (De repente Califórnia – Lulu Santos) ou ainda “Ah se eu fosse marinheiro era eu que tinha partido...” (Marinheiro – Adriana Calcanhoto) gera um efeito qual um estopim, explodindo assim essa bomba de ansiedade, expectativa e adrenalina.
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Então , cerca de duas semanas antes do Cruzeiro, chegam os papéis da viagem. Finalmente, o sonho está perto de se concretizar, a mistura de dois vícios apaixonantes: viajar e dançar. Organizamo-nos e agilizamos todos os preparativos para o embarque.
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Passam mais uns dias e chega a data tão ansiada. Ao transpor toda aquela parte burocrática e incômoda, embora necessária, de chekc in ,dá-se início ao devaneio. De imediato somos recepcionados por dois animadores da Costa que fotografam a nossa chegada- a primeira das centenas de fotos que tiraríamos ao longo da viagem. Depois seguimos para o navio. Vê-lo de perto é algo que impressiona. As suas faraônicas dimensões e seu porte altivo são o primeiro indício do quanto a viagem promete. Hora de mais fotos posando ao lado do navio e até algumas tiradas com celular pra enviar, via torpedo, para causar aquela invejazinha em algum amigo engravatado que, por qualquer motivo, não esteja desfrutando do mesmo momento que você.
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Dentro do navio, com ele parado, a sensação era a de estar num imenso hotel 5 estrelas. Subimos pelo elevador panorâmico até a nossa cabine, no oitavo deck(andar), dispusemos nossos objetos numa desorganização organizada e fomos aproveitar as maravilhas do navio.
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Primeira parada: almoço no buffet, aliás o quanto se come num navio desses com comida liberada não dá pra mensurar. O buffet fica aberto até a noite, depois rola pizza até às 3hs da madrugada.
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Terminado o almoço, é hora de fazer um tour para conhecer as instalações desse hotelzão flutuante. Passeamos pelos restaurantes, teatro, botiques, cassino, boite, salões e bares e então curtimos um pouco da piscina até chegar a hora do jantar.
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Arrumamo-nos e fomos ao jantar. Jantar que gera uma certa impaciência, pois por ser um jantar formal, há toda aquela parafernália de talheres e aquela imensa quantidade de pratos com pouca comida. Pratos esses servidos um por um numa imensa espera, pois considerando-se que são 3.500 hóspedes e,embora divididos em dois turnos de jantar e em dois restaurantes distintos, quantidade muito grande para garantir-se um bom atendimento. Todavia os menos pacientes e mais pragmáticos acabaram por resolver o problema dos dois lados: ao longo da viagem, houve certo número de pessoas que desistiu de participar de toda a formalidade, apesar de uma maior variedade de cardápio, pois demorava deveras pra se realizar. Muitos jantavam alguma coisa mais cedo no buffet e iam curtir a noite. Por conta disso, houve uma redução no número de clientes do restaurante, no horário do jantar, o que acarretou por conseguinte numa melhoria do serviço.
Outro fator incômodo no jantar, era a localização do restaurante Costa Esmeralda.Por situar-se na popa havia um certo desconforto com a trepidação do motor o que mareava muita gente, que na busca por uma solução ingeria Dramin e dormia o resto da noite perdendo o aproveitamento total da viagem.
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Após o jantar havia sempre algum número no teatro. Destacando-se, por conta do tema da excursão, especificamente esses três:O belíssimo show da Cia Mimulus de BH (“Do lado esquerdo de quem sobe”), “Dançando a bordo o Show” ( apresentação de todos os professores do cruzeiro) e o show de calouros com os passageiros participando demonstrando seus talentos.
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Concomitante aos shows e após os mesmos, ocorriam diversos bailes dos mais variados ritmos em salões distintos. No comando da música mecânica, a equipe La Luna animava a noite com um repertório sempre bem escolhido e agradável fazendo o ambiente de salsa/zouk e o ambiente de tango.
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A dança de salão ficava por conta das bandas que já estavam embarcadas no navio, e fazem toda a temporada de cruzeiros do mesmo na costa brasileira, o que impedia a escolha e contratação de bandas especializadas em dança de salão. Porém fica aqui o registro que ao menos um ambiente de dança de salão com música mecânica deveria ser programado para as próximas edições do Dançando a Bordo.
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Ao planejar uma viagem desse tipo, combine direito com os seu companheiros de cabine regras para boa convivência. Porque a liberdade do outro termina onde começa a sua. Evitando casos curiosos. Houve uma cabine onde 3 homens que se conheciam estavam alojados, sendo que um deles, mais jovem andava sempre acompanhado de belas garotas, e num ritmo tão alucinante que pensei que todas mulheres dos 3.500 passageiros passariam pela cabine acompanhada desse rapazote. Então combinou-se que caso ele levasse uma mulher para a cabine, deixaria um sinal indicativo com a plaquetinha vermelha pendurada na maçaneta da porta. Porém, com o frenesi desse cidadão, inevitável era que em dado momento ele esquecesse de colocar o aviso na porta e assim um dos companheiros de cabine se deparasse com uma cena daquelas de traumatizar criança que entra no quarto dos pais sem bater. Outro fato, não menos curioso, protagonizado pelo mesmo personagem foi a vez em que ele lembrou-se de avisar da existência de uma acompanhante. Todavia, só liberou a cabine para o trânsito de seus pares às 6hs da manhã gerando alto descontentamento no companheiro de cabine .
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A Programação seguia ao longo do dia com aulas de ritmos variados, práticas, e a, sempre bem freqüentada, piscina. Alguns dos mais eletrizados, ficavam nos bailes que acabavam por volta das 4 hs da manhã e esperavam conversando para ver o belíssimo Nascer do sol em alto mar, e ingerir o café da manhã antes de ir deitar.
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Também existiam as paradas ao longo da viagem (escalas em Salvador, Ilhéus e Ilhabela, além de Santos e Rio). Podendo optar por desembarcar e conhecer as cidades ou então permanecer no navio e aproveitar toda a programação de atividades.
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Os dias vão passando e a viagem vai chegando ao fim. Um passeio que quando realizado com um grupo de amigos e/ou com uma companhia especial torna-se inesquecível. Nas primeiras 24hs após o desembarque ainda é possível sentir o balanço do mar, que tem ligação direta ao efeito que o balanço do navio causa no labirinto, mas isso não é nada em termos de tempo comparado a saudade que fica latejando dessa realidade paralela e ideal chamada Dançando a Bordo.
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Agora,já com os pés em terra firme,visualizo o horizonte e digo pra mim mesmo:
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-“Dançando a Bordo 2009” aí vou eu...
Por Gustavo Martins
1 comentários:
Vixe! Unir o desejo de fazer uma viagem de navio com a paixão pela dança de salão é um sonho que, agora,depois dessse relato do Gustavo Martins,tem que se tornar realidade.Acho que vou ter que dizer também: "Dançando a bordo- 2009 ëu vou também.
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